Páginas

07 maio 2010

São Paulo: mistérios, arte e vergonha

São Paulo possui cores, segredos, belezas não perceptíveis e escondida aos olhos do grande público. Uma cidade tão grande, com dimensões territoriais comparada ao Uruguai, país do conesul e um pouquinho abaixo da ponta sul do mapa brasileiro, é impossível um morador da Cidade Tiradentes ir até o Museu da Casa Brasileira na noite de ontem.

Vários fatores podem ser colocados nessa impossibilidade: falta de transporte público rápido, dificuldade em chegar, trânsito. Afinal, conhecer o belo museu é para poucos.

Se para um morador da Cidade Satélite Santa Bárbara, bairro localizado dentro do Distrito de São Mateus, é preciso fazer alguns arranjos como: aproveitar o final de expediente, após visita a todos os clientes e ida a sessão de terapia para esticar o caminho até o Itaim. Imagine se estivesse de ônibus e metrô, com certeza chegaria 00h00 em casa.

Verdade musical no Museu

Árvores frondosas, banquinhos espalhados pelo imenso jardim ao fundo do Museu da Casa Brasileira. Localizado na Avenida Faria Lima, bem próximo aquele trevo das avenidas Cidade Jardim, Rua Iguatemi, um casarão antigo, com várias fotos da cidade de São Paulo e uma decoração bastante interessante.

Um pouco mais ao fundo, cadeiras postas para as pessoas apreciarem a apresentação do Michel Leme & A Firma. Ao fundo do palco montado para os músicos, algumas luminárias , que davam o charme ao ambiente arborizado e a música acontecia solta com o guitarrista Michel Leme, acompanhado de Thiago Alves (contrabaixo), Sérginho Machado (bateria) e Cássio Ferreira (saxofones) , onde o grupo abre uma série de apresentações de música instrumental sob a curadoria de Guga Stroeter.

No começo havia muitas pessoas no local. Mas como poucos compreendem a música instrumental. Logo, a manifestação artística acontece e algumas pessoas, que não compreenderam a inspiração dos músicos, foram embora com uma leve expressão de indignação.

O "mainstream" e a indústria cultural colocaram padrões musicais nos cidadãos comuns. Por diversas vezes, em nome de um patrocinador ou por imposição comercial, o músico é castrado e impedido de manifestar a sua inspiração e sua arte.

Quem saiu antes do término da apresentação, talvez esperava uma "música de elevador" e não uma manifestação artística, com inspiração, liberdade e muita improvisação. Logo, ao término, ficaram poucos...Apenas os sinceros e aqueles crentes na honestidade da arte e nas suas nuances.

Vergonha

Como vai mal a educação de base no Brasil! Durante a visita em uma escola pública na semana passada, foi possível perceber alguns professores perdidos e uma diretora que buscava soluções para estimular as crianças para apreciação da arte.

Logo, existem vários fatores: imposição do "mainstream", uma comunicação de massa podre, sem eficácia e repetitiva. Ouvir histórias tristes, de profissionais sem estímulo e sem vontade de trabalhar.

Apresentar uma proposta de levar uma boa música a crianças carentes? É possível, desde que o conselho educacional acredite. Mas, a falta de preparo dos educadores é latente ,e ouvir um professor sugerir para tocar uma música "emo" numa roupagem jazzistíca é o "fim do mundo".

Nenhum comentário: