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17 maio 2010

Movimentos : Erudito, "smooth jazz" e confessional

"Tu és o Senhor da Meia-Noite". Gustav Mahler e Rückert Lieder
Passei um belo final de semana onde pude apreciar muita coisa boa. Fui pela primeira vez na Sala São Paulo assitir a um concerto da OSESP ao vivo e acompanhado da minha amiga, Karina Monteiro.
Em seguida, fomos em direção a praça Julio Prestes para ver um pouco do show de Barbarito Torres, um dos componentes do "Buena Vista Social Club" e depois, sozinho,fui a Vila Romana, num belissimo restaurante para curtir alguns standards de Jazz apresentados pela cantora Olívia e o guitarrista Demma K.
Domingo, uma outra amiga, Jesuane, ligou e fez um convite para que eu fosse até a Virada Cultural para ver a apresentação da cantora Flora e do percussionista Airto Moreira e emendei com a Orquestra Rumpilezz.
Ao chegar em casa, fui dormir. Não tive uma boa noite de sono e ando sob os efeitos de uma sessão de psicodrama. Todas as coisas são motivos para aquietar, um olhar mais reflexivo, pensante, aquele lance de escutar o próprio coração.
Essa é minha fase, meu momento de vida. Um tempo de pensar, de avaliar o que tenho feito e saber quem são os meus verdadeiros amigos. Aquela pergunta: "quem curte andar comigo?"
O interessante que ontem na Virada e nos locais onde vou sozinho por muitas vezes não sinto deslocado;já, no templo do "sinhô" sou um "extraterrestre".
Alguns podem até perguntar: "Como?", "Já não fazem seis anos que você frequenta a tenda?". Respondo: Sim, 6 anos, mas há 4 sinto-me deslocado, "fora do ninho".
Talvez fiz o caminho errado. Em nome de uma busca, pressão familiar - minha mãe morre de medo que eu me perca no caminho e tenho um amigo que torra a minha paciência com isso ( mas esse eu relevo, ele tem síndrome do pânico. Enfim, qualquer novidade minha para ele é um pânico) - fui, acreditei e tentei reconstruir.
Acreditei na proposta, fui no caminho da reconstrução.Nos primeiros anos parecia estar tudo certo, caminhava bem... Logo, conheci uma garota, aparentava ser uma boa pessoa - enfermeira, pós-graduada em biomedicina e professora de crianças da igreja -"Tudo certinho" dentro das Condições Normais de Tendências Proselitistas (CNTP).
Não virou, me ferrei! Me "fodi", desculpe os crentes, religiosos, fariseus que lêem esse negócio que chamo de blog literário. Poderia escrever de uma forma mais rebuscada: "Houve um desvio durante a minha caminhada religiosa institucional". Enfim, julguem aquilo que é o mais conveniente.
Tive outras tentativas de "reconstrução", mas me ferrei mais ainda. Eu entrei nessa segunda leva, conheci outras pessoas, entre elas uma repórter onde comecei do nada, mas o medo me paralisou, dei ouvido a "vozes alheias" e esses fatores ajudaram a errar de vez o caminho.
O grande barato foi iniciar a faculdade de jornalismo em 2006. Conquistei grandes amizades a partir dela e solidifiquei amizades de muito tempo com gente que assumiu a loucura e a doença, mas vale a pena a caminhada.
Tive experiências loucas, ótimas, excelentes. Logo, a "tenda" o ninho estranho não compreendeu a minha liberdade e o meu processo de auto-conhecimento e amor próprio.
Fiz um convite para uma grande amiga conhecer a "tenda", onde até naquele momento, eu a considerava como a "minha igreja", a "minha comunidade". Mas os olhares eram de total reprovação, condenação a pessoa da minha amiga e mais ainda comigo.
Lembro que minha amiga advertiu: " Que povo estranho? Não fala um boa noite, um oi, te tratam como estranho, como alguém de outro mundo?". Logo, isso me fez pensar e repensar mais o porque de gastar 58 km (ida e volta), ou seja: jogar 58.000m³ de gás carbônico pelas vias paulistanas em nome de uma pseudo-comunnhão com os "irmãos".
Assumi o meu verdadeiro ser e simplesmente a "tenda" virou as costas, me deixou de lado e os anos se passaram e senti mais "estranho no ninho".Do lado de fora: os amigos aumentam, inicio de sessões terapeuticas, novos processos, acontecimentos e mais amizades.
O meu último domingo foi um dia onde meu telefone tocou bastante.Ligações de amigos, de gente que se preocupa comigo e pessoas onde posso retribuir o carinho sentido por elas.
Logo, não estou perdido. Só precisei olhar um pouco mais e como diz o Fernando Pessoa:"enamorar-se de si mesmo".

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