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04 fevereiro 2011

Rubem Alves: “Creio na função educativa e intelectual do prazer”

Em vez de legalismos, regras; simplicidade, contemplação. O escritor lança seu novo livro e propõe uma educação dos sentidos, educadores e crianças.



“Receba!”, “Sacrificios”, “aquilo é proibido” são frases comuns no meio religioso. O resultado são crianças e jovens tolidos, sem liberdade, vestem roupas cafonas, ou tem um amadurecimento precoce por ter como referencial pessoas pobres de sapiência e impuseram limites onde seu olhar tem como referencial apenas a instituição.

Rubem Alves consegue desconstruir todos esses conceitos em seu livro “Variações Sobre o Prazer”, lançado no último mês de Janeiro pela Editora Planeta, onde o autor mostra de uma maneira simples e cativante a beleza de uma espiritualidade leve e simples.

Em vez do individuo fazer longas petições, exigir de Deus e falar clichês “crentolândianos”: “Com Deus tudo posso”, “ Através de Determinação, Sofrimento e Obediência, Deus pode cumprir seus propósitos”, “Sou filho do Rei”, seria mais interessante oferecer coisas simples ao Criador: uma música, contemplar a beleza do jardim de sua casa ou um encontro com a pessoa amada.

No lugar de legalismos, regras; simplicidade, contemplação. O escritor lança seu novo livro e propõe uma educação dos sentidos, educadores e crianças.


Em vez de relacionar-se com a espiritualidade como uma Feira de Utilidades – perde, ganha, recupera, oferta mínima e recebimento máximo – por que não nos relacionarmos com o belo, o colorido, o cheiro do orégano, perfumes e poesia?

Dançar ao som da flauta de Dionísio, mesmo diante das adversidades e dificuldades. Em vez de lamúrias, exigências, suplicas desesperadas, Rubem propõe em sua obra que as pessoas vejam as palavras como brinquedos, “... para que o homem encontrasse refrigério nas coisas? Falar é uma deliciosa loucura;por meio da fala o homem dança sobre todas as coisas. Que adorável é toda fala e o engano dos sons!”

“A vida é uma fonte de alegria e o nosso pecado original é o pouco tempo que temos”, em vez de intensificar no ativismo, o mais interessante é educar os sentidos do corpo humano, onde “fariam amor” com o mundo. Zaratustra já dizia: “Era como se uma maça inteira se oferecesse a minha mão, maçã madura e dourada, de pele fresca, macia, aveludada: assim este mundo se ofereceu a mim...”.

Segundo o autor, os sentidos humanos são arte formada pela imaginação para dar novas experiências de prazer e alegria e andam pelo mundo das des-formações. É importante educar o olhar, sem filosofias, olhar simples, ver com as palavras, como sugere Alberto Caeiro (pseudônimo de Fernando Pessoa).

Conversão do olhar e todas as variações do prazer ocupar o amâgo da vida, assim sugere Rubem Alves em seu novo livro.
Variações Sobre o Prazer
Rubem Alves
Ed Planeta
ISBN 978-85-7665-567-1
Preço: R$ 19,90

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