Ah, vento que vem das esquinas, das ruas vazias, dos cantos mais distintos, longinquos desse lugar alto e tão distante do marco zero da cidade. Mas esse é o lugar onde nasci, fui criado, brigo por causas, implico com os vagabundos e converso com os vira-latas abandonados.
Boa parte dos amigos vêem a longinqua e tão distante São Mateus como um ambiente feio, horroroso, de gente torta, sem cultura, que apenas queima combustível e joga lixo no meio da rua. Mas neste lugar há ilhas de verde, lugares onde corre o vento, a brisa fria bate no rosto e a presença do eterno, do majestoso toca o coração dessa alma sedenta.
Alma sem água, dependente do ar, e anda ansiosamente até o "buracão da satélite" para buscar ar puro, contemplar o verde e avistar a serra do mar que fica na linha do horizonte. Ah, eu tenho vontade de fugir, de subir sozinho e ficar apenas contemplando e olhar para o meu interior e dizer o quanto preciso e dependo do mestre para prosseguir pelo túnel.
Vento, que dança nas praças, quebra vidraças, do interior das casas, do exterior do ser. A minha blindagem é de má qualidade, uma palavra pode quebrar, despedaçar e ali está o homem, o humano, o doloroso, o sensível, a alma boa, sem maldade, sem violência, que pensa três vezes antes de despir uma dama.
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