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05 maio 2009

Cenas de uma segunda-feira

Segunda-feira à tarde, um vendaval, chuva rápida e intensa e um coxilo. Depois do temporal, o céu se abriu e segui o meu caminho até a parada de ônibus da Avenida Sapopemba.

Vários ônibus passavam pela via. Uma mulher nordestina, falante, dava broncas no seu filho para que prestasse atenção se o ônibus estava chegando.Logo, às 15h30 chega o coletivo que esperava: metrô Carrão.



Transito livre durante o trajeto, poucas paradas. As 16h15 estava no terminal de ônibus da estação Carrão e segui até a plataforma do metrô. Ao embarcar no trêm, foi bem rápido até a Barra Funda.

A estação final do lado oeste da linha vermelha é a mais movimentada. Os meus passos estavam apressados para chegar pontualmente a consulta marcada com a minha terapeuta, mas era gente que escorria pelas ladeiras e passarelas dos arredores da estação.


Após passar pelas belas ruas das Perdizes, chego bem no horário marcado, 16h55 para a consulta. Lá é o meu espaço, o lugar onde me alimento para encarar a minha vida tão ativista e intensa que levo.



Primeiro ato

18h00, a tardinha cai e a luz da aurora resplandece sobre as Perdizes. Andar a pé pela Rua Cardoso de Almeida é mais rápido do que os carros e ônibus que circulavam pela via. Uma passadinha na padaria, na esquina com a Candido Espinheira, um lanchinho rápido para seguir até a faculdade.


Ao entrar na estação Barra Funda, vejo pessoas cansadas, outras correndo para chegar na faculdade, entrar, ver o que acontece e assinar a lista e ir embora. Eu seguia em direção ao Paraíso. As plataformas da estação lotadas de pessoas, gente que escorre gente, encosta pelas laterais das escadas e das paredes.

O trem chega, entro junto com os outros passageiros e sigo até a Sé. Ao desembarcar na estação onde encontra-se com a linha azul sigo para a plataforma sentido Jabaquara. Ao embarcar sigo até a estação vergueiro e ando por aquelas ruas escuras e estranhas da Aclimação em direção a faculdade.


Segundo ato



Volto para a Zona Leste. Cansado, o sono que vinha mais forte e a indisposição era grande. Restava apenas a vontade imensa de chegar logo ao lar e nada mais.




Ao entrar no ônibus nº 44170 do Consórcio leste 4, encontro um "pai de primeira viagem", com seus três filhos. Todo atrapalhado, não sabia nem pegar as crianças no colo e tinha um menininho que todo a parada que o coletivo fazia para o desembarque de passageiros, ele descia os degraus da saída.



O pai exclamava: "Fulano, não é agora!" e o menino anisoso falava: "Tô cansado, pai.". O ônibus seguia viagem até entrar na avenida Mateo Bei e fazer a parada na altura do 1.100, em frente ao banco Itaú.


Quando o coletivo faz a parada e o condutor abre a porta,o super chefe de familia desce primeiro junto com os meninos pequenos. Em seguida, quando a irmazinha mais velha fazia o desembarque a porta se fechou e ela, desesperada, começou a chorar. O pai bate na porta do veículo e o operador imediatamente abre a porta para que a garota faça o desembarque.


O motorista da cabine dizia o seguinte para a cobradora: " Que pai é esse ,colega! Como é que pode ele sair na frente e largar os filhos por último? Eu vi tudo aqui do espelho!(sic)"



Depois do fato, o veículo seguiu viagem e desci na primeira parada da avenida Sapopemba após o largo de São Mateus. Sigo o meu caminho escuro, sombrio e com muitos ritos de passagem em direção a minha casa.


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